http://diariodoinfinito.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Suicídio do Escorpião

De joelhos, suspenso sobre o chão cubro o rosto com o braço esquerdo.
Gritos histéricos de libertação ecoam dentro de mim!
A depressão é um julgamento pessoal feito com imparcialidade...
(A última linha da pressiana está aberta)
Serei louco?
As melhores metáforas de todos os nóbeis ficariam aquém do toque real e emocionado dos meus dedos no teu cabelo ondulado!

Os teus mistérios são doações de vida!
Serei um cadáver do olimpo?
(Já é dia. Com a luz a linha da pressiana parece a do horizonte)
O suicídio é a operação digna entre a soma de dias (vida) e a subtracção de dissabores (morte)...
Uma gargalhada paralisante destrói o meu tratamento facial!
De joelhos, suspenso sobre o chão encosto o revólver à cabeça com a mão direita.

Amo-te!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Último Dia

Era um cadáver apaixonado que descia a praça naquela noite.
Uma folha de Outubro largada ao vento, cujo destino se escondeu por entre os meus braços.
Foi o último dia da minha vida!
Último porque ela já não me pertence. É tua!

As insónias são a forma de te manter presente.
Cerrar os olhos tornou-se a única maneira de alterar aquele desfecho!
Sorrir a todo o instante o modo de me parecer contigo.
E amanha que dia será?

As minhas cinzas subirão a praça e a cor do semáforo há-de ser verde...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Carta de Novembro

Trazias a revolução no teu rosto libertário.
O cabelo, outrora estrangulado pelos cânones de beleza estabelecidos, soltara-se, ficando por isso refém do toque perturbado dos meus dedos.
Conhecias o fascínio que a simplicidade do teu nariz me suscitava desde o primeiro dia.
Os teus lábios curtos e finos espelhavam aquilo que sempre esperaste dos outros.
Mas se havia coisa que te distinguia era aquele sorriso solidário que esboçavas quando te dizia :"Amo-te!".

Não há dia que passe e não recorde a Revolução!
O que falhou?
Às vezes penso ter na minha caneta mais poder do que um revolver, uma lágrima, um beijo...
(No meu sangue fervilha o radicalismo do último olhar...)
Mas depois o espírito revolucionário esfume-se e não posso matar quem queria, chorar pelo que devia...
Beijar-te nunca pude... Os meus lábios carnudos sempre nos afastaram!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cansado de Eternidade

Só e cansado.
A morte é a estrada da eternidade!
(A Revolução falhou e só restam as ondas de maré baixa).
Deportado da vida, exilado dentro de mim...
Não consegues ver nos meus olhos o brilho desta hora?
O legado daquelas ondas é a espuma que se desintegra por entre os passos nervosos de uma criança!

Doentio, irreversivelmente depressivo.
A eternidade é a vida dos poetas mortos!
(Com a maré baixa a praia parece maior).
Dentro de mim vive exilado um exército de vida subordinada, desarmado, sem hierarquia...
Consegues sentir agora o peso que recai sobre os meus ombros?
A criança que percorre aquela praia não terá legado, porque ela é eterna!

Só, doente, depressivo e ainda vivo.
(É na maré baixa que morre a criança afogada).
Cansado de Eternidade!
Verás o meu cadáver no lugar da espuma das ondas de maré alta...

Adeus.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Filho da Morte

O meu problema sempre foi o absoluto!

No dia que nasci, a morte cumpriu-se em mim.
Gastaram-se as lágrimas duma só vez!
Senti saudades do futuro por não ter passado nem presente...
Quem tem o universo não precisa ter nacionalidade!
E quem a tem está preso perpétuamente dentro de si.
Daí os suicídios...
Amei inigualavelmente sem me apaixonar uma única vez!
Atingi logo aquele estado em que se quer o outro como um irmão, desejando-o carnalmente sem cessar...
Fui socialista antes de capitalista, revolucionário sem ser reformista...
Vivi numa sociedade sem classes sem conhecer a União Soviética!
Escrevi o infinito, humanizei o visionarismo e discursei perante multidões eufóricas ante o meu trajecto...
Fiz da utopia a verdade da Existência!

Ressuscitei e não me conformo com a relatividade das coisas...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Altruísmo

Sento-me no banco dos réus.
Réus são os que vivem a morte dos que amam!

O julgamento dá-se de dia, num jardim de raízes internacionais, para que durante a noite a natureza possa julgar cegamente.

Sento-me e espero a tragédia.
A minha direita uma tília europeia vulgar, afasta o olhar dos parentes da vítima.
Pela esquerda algo(uém) cujo nome, por mais que tente, não consigo descodificar.
(Parece-me australiana pela bandeira que hasteia.) Esconde-me da multidão que sem laços aparentes, acrescenta alguns adjectivos ao meu nome.
À minha frente a natureza: imponente como sempre, cosmopolita como nunca…
Atrás o passado – o meu cadastro!

A morte é um tsunami que se humaniza.
De início, quando a água apenas cobre timidamente os pés, o desconforto é grande, mas a catástrofe é inconsciente.
Depois o tempo passa, a água gela metade do corpo e aí sim… Percebe-se que a vida já não será a mesma.
Do tronco à cabeça a esperança dilui-se…

Da vontade de chorar. Mas as lágrimas invertem o seu trajecto.
Não seguem jorrando pelo rosto…
Deslizam interiormente, regam o coração, inundam a alma…
É o fim!

O tribunal recompõe-se e o ciclo continua…

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Socialismo Interior

deus perdeu-se em mim quando percebi que era subjugado pelo meu próprio espírito(a dimensão intelectual do Homem).
Não fazia sentido apelar auxilio, esperança, suplicar coragem,
Se esse alguém era o meu subconsciente, se era por isso,
Parte de mim.

Entendi que havia chegado a idade de me autonomizar...
Declarei-me unilateralmente independente do olimpo!

Aquilo que verdadeiramente importa é a emancipação interior ...
Guardar a fé que nos pertence por todo o corpo.
Dizer que o Homem é uno e indivisível,
Conquistar o Socialismo Interior!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Algum dia

Algum dia o mundo há-de perceber que, ainda que Mundo, não me vergo à sua supremacia!
EU sei por que devo lutar!
Vou pintar por todas as paredes o sumário da sentença que um dia lhe será ditada: (MUNDO-> HUMANIDADE-> PARIDADE-> VIDA-> FELICIDADE= UTOPIA)

E não temo a sua reacção...
Sei que, sem delongas, cobrirá tudo que pintei, do ponto de vista comercial, de publicidade.
E do ponto de vista político de propaganda eleitoral.
Acontece que nunca fez parte das minhas intenções ser empresário.
Acresce que apenas disputo eleições democráticas.
E quando falo em democracia não me refiro àquela em que todos votam, mas aqueloutra sem manipulações de índole comunicacional...
Poucas são as empresas que fecham portas por fraca produção.
Muitas cerram com cadeados inquebráveis os sonhos dos componentes do Mundo por escassos meios publicitários...
Nunca ninguém viu um analfabeto protestar contra a fixação de placares eleitorais, sem mensagens textuais, ideias-força…
Tão só com a imagem simpática e apelativa de um candidato...

Não há nada de invulgar, oculto, nas minhas palavras...
São, contudo, obscuras, ou pelo menos insusceptíveis de publicidade e de propaganda todas as sentenças que por esse locais inabitáveis da mente dos componentes do Mundo se assemelham à que aqui enunciei...

Um exército camuflado de vida subordinada tudo vai vigiando...
NÓS sabemos por que devemos lutar!
Algum dia o Mundo há-de perceber que, ainda que Mundo, nunca o será na plenitude sem cada um de nós!

Autonomia Transversal

Ninguém se preocupa em descrever a fúria interior do caracol.
Julgam a sua acção inconsequente,
A sua consciência de pertença ao Mundo inexistente,
O seu ódio inofensivo...
Entendem o seu refúgio por entre carapaça e a ontologia do seu trajecto (refúgio este verificável quer em momentos de solidão suicida, quer naqueles de mãos enlaçadas por amor) por medo da acção dos predadores que compartilham o seu universo vivencial.

Nenhum homem até hoje, cientista ou filósofo, lúcido ou idóneo, teve coragem de dizer que o caracol, em momentos da sua pacata existência, sente necessidade de se virar, literalmente, para dentro de si próprio, de modo a reflectir acerca da sua inserção no mundo.
É verdade que tudo isto é humanamente inobservável (e imperceptível a quem, como eu, apenas pensa na razão de ser do SER).
Não nego que a consideração da posição do caracol no planeta nos seja algo de indisponível.
O certo é que a sua integração em si próprio, sem necessidade de percorrer espiritualmente (ao contrário da nossa espécie) a interminável distancia entre o interior e exterior, não nos é incompreensível.

Tem-se dito, em debates promovidos pela minha consciência, que o caracol tem uma vida enfadonha, fruto da lentidão de processos que biologicamente o caracteriza.
Ouvi até por vezes dizer que o estilo de vida da generalidade dos caracóis é antiquado, conservador.

Tudo isto é mentira!

A sua vida serena e equilibrada é elemento de bem-estar.
O ócio que se auto-promove é felicidade propagada aos que, como eu, o seguem.
A desnecessidade de rapidez de movimentos é tranquilidade emocional.
Por tudo isto o estilo de vida do caracol é verdadeiramente revolucionário.

Finalmente, análise do caracol, tem levado muita gente a considerá-lo como um ser ignóbil, até mesmo imprestável.
Tudo o que evidencia a arrogância, prepotência da espécie racional, guia da destruição do mundo.
É indubitável que os líquidos libertados pelo caracol, não são algo de apreciável. Nem tão pouco as cenas de amor carnal, quando em vez por eles, publicamente, manifestadas.

Façamos, contudo, um esforço de reflexão acerca da governação que temos vindo a efectuar na área da protecção do nosso real bem escasso.
Pensemos na chuva que nos atinge pelo mês de Agosto, na imperceptibilidade de alguns lugares do planeta…
Tudo isto é banal. De tudo isto se fala hoje.
Nunca ninguém pensa é na humilhação que alguns comentários provocam ao caracol.